segunda-feira, novembro 14, 2005

Palavras Escritas (não por mim)

A impossibilidade de tudo quanto eu nem chego a sonhar
Dói-me por detrás das costas da minha consciência de sentir...


Não há, substância de pensamento na matéria de alma com que penso ...


Dêem-me de beber, que não tenho sede!


Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.


Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo ...


O Binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso.


Eu podia morrer triturado por um motor
Com o sentimento de deliciosa entrega duma mulher possuída.
Atirem-me para dentro das fornalhas!
Metam-me debaixo dos comboios!
Espanquem-me a bordo de navios!
Masoquismo através de maquinismos!
Sadismo de não sei quê moderno e eu e barulho!


Ah não ser eu toda a gente e toda a parte!


Álvaro de Campos

1 Comments:

Blogger Shovell Disse:

Este foi o resultado de uma conversa sobre literatura depois de Harry Potter e a pedra filosofal na tv...

02:14  

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